Nova edição do Estéticas das Periferias aborda a diversidade a partir de conceitos da cultura Ballroom

24 de agosto de 2022


São Paulo, agosto de 2022
– Há mais de uma década a Ação Educativa promove o Encontro Estéticas das Periferias, evento com intuito de valorizar a produção artística das margens da cidade, indo muito  além do circuito cultural promovido  na região central da capital paulista. Com um enfoque diferente a cada ano, a iniciativa também se transforma em palco para o debate de questões caras à sociedade. Nesta edição, o encontro assume o enfrentamento a LGBTQIAP+fobiacomo eixo central de sua programação . Com o título “Ballroom: Orgulho e Resistência”, a 12edição contará com artistas e ativistas desta cena cultural. As atividades têm início em 27/08, com abertura oficial programada para 31/08 e encerramento em 04/09.

Para conceber a programação deste ano os curadores mergulharam no universo da cultura ballroom, que do inglês significa salão de festa ou baile. Porém o significado desse movimento, não se restringe a sua tradução literal d. Trata-se da articulação das comunidades negras e latino-americanas, com protagonismo de mulheres trans e gays negros que na década de 60 em Nova York (EUA), criaram e ocuparam espaços para celebração da diversidade de gênero, raça e orientação sexual.

Em um campo livre de preconceitos a proposta do ballroom é promover a arte e a diversão, assim como o acolhimento e a conscientização do respeito à diversidade. Abordando diferentes dimensões da vida desse grupo social, vítima de tanta exclusão – há treze anos o Brasil é o país que mais mata a população trans no mundo, segundo organizações especializadas nesse tema, como a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).  “Daremos foco não só à produção artística das houses brasileiras, mas também aos princípios de coletividade, autoafirmação e celebração dos corpos LGBTQIAP+”, aponta Eleilson Leite, coordenador da área de cultura da Ação Educativa e idealizador do evento.

Em parceria com 49 coletivos, apoio da prefeitura de São Paulo e do SESC, IMS, Itaú Cultural, Casa das Rosas, Fábricas de Cultura a construção da programação é colaborativa. “Nesse processo, a ideia é ampliar nossa rede de produções e garantir uma inovação na abordagem cultural e de debate das questões sociais”, Leite. Por isso as 70 atividades envolvem múltiplas linguagens artísticas e estéticas, além de debates e rodas de conversa.

“Em sua história, o Estéticas mobiliza a produção cultural de diversos coletivos das periferias de São Paulo e como ação política coloca no centro a produção marginalizada da juventude negra, periférica, feminina e LGBTQIAP+.”, completa Leite.

ABERTURA

O espetáculo “Ballroom 50: Realidades do Futuro”, marca a abertura oficial do Estéticas das Periferias em 31/08. No palco do Sesc Consolação representantes de diversas houses (casas de difusão do movimento) apresentam manifestos em meio a performances artísticas.

Música, dança, entre outras intervenções, conduzem uma linha do tempo sobre a cultura ballroom, começando por um dos primeiros eventos realizados nos EUA, em 1972, por Crystal Labeija & Lottie LaBeija. O espetáculo segue abordando a expansão do movimento pelo mundo e no Brasil. A direção artística é de Flip Couto e Hiari Black Velvet. A coreografia é assinada por Ákira Avalanx e Félix Pimenta.

ESQUENTA

Antes da abertura oficial, em 27/08, a Ação Educativa abre as portas de sua sede para a Casa de Pimentas realizar sua ball – evento no qual os participantes celebram a diversidade e competem, a partir de desfiles, danças e outras performances. O encontro será direcionado especialmente a artistas iniciantes no universo da cultura ballroom. A atividade começa às 17h.

Os coletivos Slam do Pico, LGBTAIPAS e Coletive A Arte Liberta se reúnem para uma noite de celebração da diversidade em 30/08, às 19h, no CEU Luís Gama. Poesia, contos, causos, música e outras performances fazem parte da programação. Denominado “Sarau Arte Liberta” o evento tem seu ponto alto com a apresentação de dança e dublagem de Ladie Freeda Drag Laser, produtor cultural e Drag performance.

OUTROS DESTAQUES

A moda, como instrumento de autoaceitação e forma de expressão, também se faz presente na cultura ballroom e, claro, programação do Estéticas. Em 01/09, a partir das 18h30, a grife Agemó realiza seu primeiro desfile com o tema “Favela sem rosto”. Nessa ocasião, o público também confere um pocket show das Irmãs de Pau, que cantam a realidade das mulheres trans nas periferias de São Paulo.

O desfile-performance é um convite para ultrapassar a zona de conforto e encarar o rosto dos “invisíveis”, propondo a celebração da arte e a reflexão sobre a marginalização dos corpos e ‘trampos’ periféricos por meio da moda, música e poesia. O evento será promovido na sede da Ação Educativa.

No espaço do Fábricas de Cultura de Jaçanã, em 02/09, às 15h, será possível conferir o espetáculo “Tenho orgulho de quê”. A montagem produzida pela Cria Playback consiste em representar histórias compartilhadas espontaneamente pela plateia. O grupo também oferece uma oficina com técnicas de teatro, a partir de diversas habilidades como expressão corporal, musical e de emoções, explorando o potencial de criatividade e naturalidade de cada participante. 

CICLO DE DEBATES

Em todas as edições, o Estéticas das Periferias estimula e abre espaço para o diálogo. Neste ano um dos debates gira em torno do tema “Eu não vou morrer: Direitos e Políticas públicas para população LGBTQIAP+”. Bruna Benevides, diretora da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) e Keila Simpson, representante da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) são as convidadas do encontro a ser mediado por Patrícia Borges do Coletivo Transarau.

Marcado para 31/08, a partir das 16h30, a proposta é discutir a construção de políticas públicas de visibilidade, respeito e afirmação da vida para combater as violências sofridas por essas pessoas. 

SELO DO ESTÉTICAS 

Como de costume, a organização do Estéticas busca o diálogo com coletivos e artistas periféricos a fim de construir a programação. Neste ano criou um edital para criação de um selo comemorativo da 

 12ª edição do Encontro Estéticas das Periferias, baseado no tema “Ballroom: Orgulho e Resistência”. O concurso voltado exclusivamente para artistas LGBTQIAP+ faz parte do compromisso da instituição de valorização desses artistas e de suas produções.

A artista visual, Lais Oliveira foi a artista selecionada.  “O desenho traz elementos da cultura ballroom, em seus movimentos e cores. A persona se propõe a questionar binarismos de gênero lembrando que esses corpos, fora da norma, fazem o movimento acontecer com orgulho e resistência.”, explica Lais, ao apresentar sua proposta.

SERVIÇO 

Confira aqui a programação:
Site: https://www.esteticasdasperiferias.org.br/
Instagram: instagram.com/esteticasdasperiferias  
Período: de 27 de agosto a 4 de setembro (abertura oficial em 31/08)
Realização: Ação Educativa, com SESC e Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura – SMC 

Sobre a Ação Educativa  

Criada em 1994, é uma organização de direitos humanos, sem fins lucrativos, com uma trajetória dedicada à luta por direitos educativos, culturais e da juventude. Desde a sua fundação, integra um campo político de organizações e movimentos que atuam pela ampliação da democracia com justiça social e sustentabilidade socioambiental, pelo fortalecimento do Estado democrático de direito e pela construção de políticas públicas que superem as profundas desigualdades brasileiras, bem como pela garantia dos direitos humanos para todas as pessoas.  

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