Estéticas das Periferias e Agenda Periferia: um portal único de promoção e celebração da cultura de quebrada

27 de julho de 2021

A primeira nota do sarau na quebrada, a primeira notícia da roda de samba no fundo do quintal ou o anúncio do lançamento de um livro independente. A Agenda da Periferia conta uma história de parceria com a arte de quebrada, construída pela representatividade e força da cena periférica. 

No seu objetivo estratégico de fortalecer a produção cultural das bordas da metrópole, a Agenda da Periferia une-se ao projeto do Estéticas das Periferias para seguir cumprindo o seu projeto de ser um espaço de encontro, reconhecimento e celebração dessas produções e ações culturais.

A partir de agora, a Agenda da Periferia será acessada dentro do portal “Estéticas das Periferias”. A iniciativa faz parte do crescimento Encontro Estéticas das Periferias, que apesar de continuar como um festival semanal, ficará ativo o ano todo, transformando em um verdadeiro portal de acesso, de construção e promoção de arte periférica. 

“A Agenda da Periferia anda junto com o Estéticas desde sempre. Em certo sentido, a integração sempre existiu. O que muda é que a rubrica Estéticas das Periferias passa a ter uma proeminência e, do ponto de vista editorial, a Agenda da Periferia passa ser uma seção do site. Entendemos que é um avanço para fortalecer essa marca do Estéticas das Periferias que tem uma força como síntese e expressão de tudo o que fazemos no campo da cultura de periferia”, explica Eleilson Leite, coordenador de cultura da Ação Educativa. 

História e futuro

Para Leite, a versão impressa da Agenda da Periferia tinha um peso simbólico muito importante. As edições impressas, com tiragens passando de 10 mil exemplares, serviam como um instrumento de reconhecimento e também para mostrar “olha, o que faço é arte, está aqui oh!”.

A ideia desse novo espaço é manter a característica da versão impressa, de um veículo da periferia, feito pela periferia e para a periferia. O desejo, deste novo espaço, é explorar as potencialidades e alternativas do espaço virtual para construir novas vivências, acessar mais atores, mais personagens sem deixar de ser um grande ponto de encontro, divulgação e fortalecimento das atividades culturais periféricas.

Elizandra Souza, poeta e jornalista, primeira editora da Agenda da Periferia, lembra que a revista teve o papel de reunir toda a cena cultural das periferias de São Paulo, dos principais grupos. “Isso é muita coisa colocou luz a uma produção efervescente”

Ela lembra que muitos grupos reclamavam quando “ficavam da edição do mês” por causa de alguma limitação técnica. Estar na Agenda da Periferia era muito importante, mas quem sempre fez “a cena acontecer foram os próprios artistas”, conta.

Eleilson e Elizandra lembra que a Agenda da Periferia veiculou, com destaque inédito,  pelo inúmeros artistas que vieram a se firmar no cenário cultural, para além das periferias, como Tássia Reis, MC Sofia, Criolo, Rincón Sapiência, Naruna Costa, Sarau das Pretas, entre tantos outros.

Considerando o momento atual, Eleilson enxerga a cena atual com duas dimensões. Por um lado temos movimentos que se consolidaram, como Sarau da Cooperifa, Samba da Vela, Ferréz, Sarau do Binho, Espaço Clariô de Teatro, entre outros,todos com mais de 15 anos de atuação e uma posição de referência. Por outro, há a renovação que se dá pelo Slam, o Funk, a cultura digital e as expressões da cultua LGBTQIA+.

“O Encontro Estéticas das Periferias consegue captar essa renovação e a Agenda, estando integrada a ele, e se manterá atualizada sobre essa nova cena”. Por isso, a proposta será a de unir as atividades e ações culturais periféricas dos artistas e coletivos periféricos, com pílulas mensais de conteúdo, com produção de vídeos, reportagens e notícias, além de podcast vinculados ao programa na Rádio Heliópolis .

Para a artista,  apesar do contexto tenebroso, faz falta uma agenda como a da periferia. “ A agenda da periferia foi capaz de pautar os próprios grupos,  as políticas  públicas, pesquisadores  e a imprensa. Só não viu quem não quis. É uma bonita  história que se desdobra em outras iniciativa”, finaliza