“Eu sonho ver o dia Mundial da África celebrado nos meios de comunicação, discutido nas escolas, celebrado no Brasil”. Transformar o dia 25 de maio, Dia Mundial da África, em uma data “importante” é o que move o trabalho da pesquisadora e produtora cultural Kety Kim, que entre diversas atividades organiza a festa Farafina.
O Dia da África tem como origem a comemoração anual da fundação da Organização da Unidade Africana (OUA), hoje conhecida como União Africana, a 25 de Maio de 1963. Kety explica que a luta pela autonomia e o processo de descolonização ainda hoje dão sentido a esse marco histórico.
“Essa data representa uma forma da gente não esquecer da luta e da união dos países africanos, do movimento Panafricanista, além de ser também um momento de celebração dos países da Diáspora”, explica.
A “Farafina”, que teve sua 3ª edição realizada na Aparelha Luzia, faz parte de um projeto que além da festa, oferece um conjunto de oficinas que compartilham perspectivas, vivências e narrativas sobre o continente africano, que vão desde as possibilidades de intercâmbio entre países, a partir da gastronomia, da poesia, da música, da dança e outras expressões artística. As inscrições podem ser feitas neste link.
Kety explica que “Farafina” significa “África Preta”, sendo uma palavra de origem Mandigue e Bambara do oeste da África. A inspiração para a criação da festa surge, após a sua estadia de um ano Senegal e Guiné, quando, através do contato e aprendizado com mestres internacionais de renome na dança tradicional da África Ocidental, pode aprofundar seus aprendizados e viver na prática os ritmos que estuda. A partir dessa experiência, trouxe o coupé-décalé (ritmo contemporâneo) na bagagem e se tornou sua embaixadora no Brasil, com o projeto Coupé Décale Brasil.
Para Kety, é importante ainda que as pessoas compreendam a diferença entre a cultura “afrobrasileira” e a cultura “africana”. Isso porque a primeira diz respeito as expressões culturais criadas e desenvolvidas pelos negros que foram escravizados no Brasil, enquanto a segunda é especificamente quando a arte dos 54 países que formam o continente africano.
“O lugar que eu queria que a cultura africana tivesse é que, no Brasil, ao ouvir uma música a gente soubesse dizer ‘essa é de Cabo Verde, essa outra é do Belize. Eu quero, desejo estou trabalhando para que isso aconteça”, afirma.