VEM AÍ: ESTÉTICAS DAS PERIFERIAS 2020

15 de agosto de 2019

Territórios que despertam memórias e afetos, experiências culturais e artísticas que modificam e ressignificam esses territórios. A 9ª edição do Encontro Estéticas das Periferias reúne, durante os dias 24 de agosto e 1º de setembro, mais de 60 atrações pensadas por artistas, coletivos e grupos culturais, que apresentam para o público suas produções e experiências, marcadas por sentidos de pertencimento pelas periferias paulistanas, lutas e emancipação social.

Eleilson Leite, idealizador e coordenador geral do encontro, ressalta a capacidade da curadoria compartilhada em produzir um evento cada vez mais descentralizado e representativo. “A tendência das últimas edições foi de radicalizar a participação e a organização descentralizada. Dessa forma, os coletivos se sentem cada vez mais apropriados deste importante acontecimento”, analisa.

Se por um lado, a autonomia marca o caráter diverso e múltiplo das linguagens, a eleição de cinco eixos curatoriais – cultura negra, direito à cidade, produção cultural das mulheres, direitos humanos e futebol como prática cultural -, cumprem o papel de assegurarem a unidade e a coletividade do Estéticas das Periferias 2019.

Exemplo da importância desses elementos é o inédito espetáculo de abertura “Fui feita pra vadiar”, que reúne mais de 50 musicistas, de seis grupos de samba formados exclusivamente por mulheres, ressaltando a história e a luta das mulheres no samba.

Entre as diversas apresentações, os 4 elementos do Hip Hop chegam com força nessa edição. No Itaim Paulista, a festa “Eletro Tintas” resgata a tradição do hip hop das décadas de 1980 e 1990; em São Mateus, a “Oficina Graffiti Trans” debate desigualdades de gênero e cultura periférica nos dias 28 e 31 de agosto, na casa de Cultura São Mateus. Em Ermelino Matarrazo, no dia 27, a “Batalha Ocupa” abre espaço para o duelo de MC’s.

Por sua vez, a união do futebol de várzea com música e literatura dão o tom do evento “Futebol, Samba e Poesia” no SESC Parque Dom Pedro II, no dia 1º de setembro. Quem quiser ver mais samba tem, dentre as várias opções, a apresentação do “Pagode Na Disciplina e Feitiço de Mulher”, no Jardim Mirim, dia 25; o “Quintal da Casinha – Samba e Cumbuca Cheia”, encontro de artistas negras, no dia 1º de setembro e também o aniversário de três anos do Quilombo Cultural Ybira Samba, dia 31 de agosto.

Para quem pergunta “vai ter espetáculo?”, a resposta é “vai sim, senhor”: dia 28, o “Picadeiro do Fuxico” leva um cortejo de artistas circenses pelas ruas do bairro da Vila Prudente. No dia 31, o “Levante Mulher – Sonhos de Asas”, chega na Casa de Cultura do Butantã, com uma potente mistura de poesia e arte circense. Pelo segundo ano, o Estéticas promove o “Periferia Ocupa Centro”, com apresentações culturais na Ação Educativa, na Casa das Rosas e no Instituto Moreira Salles. Além do tradicional ciclo de debates no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc que, nesta edição, tem como tema o Ensino de Arte nas Periferias.

Nova fase do app do Estéticas marca os 25 anos da Ação Educativa e seu compromisso com a cultura de periferia

Lançado na última edição, o aplicativo do Estéticas das Periferias traz a proposta de curadoria, que marca o evento, para sua versão mobile. Artistas locais vão apresentar um olhar próprio da arte produzida na quebrada onde eles vivem. Juliane Cintra, coordenadora de comunicação do Encontro, explica que a proposta é oferecer um conteúdo exclusivo e de qualidade, selecionado pelos próprios agentes culturais.

“O nosso público vai viajar por um território, pelo olhar desses que constroem a cultura nas margens da cidade. Contaremos a história dos curadores, sua relação com o espaços escolhidos e a programação indicada, bem como, apresentaremos e homenagearemos os autores dessas produções artísticas”.

A nova fase do aplicativo e a 9ª edição do Estéticas chegam juntos com os 25 anos da Ação Educativa. Juliane analisa que esses momentos de celebração vem acompanhados de tempos desafiantes para aqueles, que como a Ação Educativa, se propõem a defender o direito humano à cultura e sua possibilidade de criar esse caminho para a emancipação humana. “Se nos negam o direito de sermos e existirmos em nossa plenitude, a construção da ação política vem com a possibilidade de edificar utopias e esse é o lugar da cultura de periferia para a Ação Educativa”.