Vozes de mulheres negras e tambores de aço saúdam a abertura da oitava edição do Encontro Estéticas das Periferias
“Negras somos, Vozes temos e a Travessia se faz necessária”, é assim que a diretora, Naloana Lima, explica a inspiração para o título do espetáculo “Negras Vozes em Travessia”, que abre o Estéticas da Periferia 2018. O evento mantém a tradição de, coletivamente, reunir, co-produzir e participar do processo de criação das diferentes múltiplas linguagens produzidas nas quebradas paulistanas.
O elenco do espetáculo é composto por três das principais vozes negras de São Paulo: Juçara Marçal, Nega Duda e Dani Nega. Além das três cantoras, que juntas “estabelecem uma expressividade sonora que transcorre do ancestral ao contemporâneo”, a apresentação conta com a intervenções de três poetisas negras: Luz Ribeiro, Mel Duarte e Vic Sales.
“A apresentação promove a junção de música e literatura, funcionando como um espelho dos movimentos artísticos espalhados pela cidade, tais como o movimento dos saraus, de cultura popular e periférica”, pontua Naloana.
Às 18h, no foyer do auditório, a Orquestra de Tambores de Aço de Volta Redonda chega mostrando que Racionais MC’s estavam certos ao dizer que “periferia é periferia em qualquer lugar”. O projeto, mantido pelo Centro Cultural da Fundação CSN, na cidade de Volta Redonda, traz 85 jovens músicos que, a cada batida, mostram que, para além da necessidade de resistência e luta contra a exclusão, as quebradas brasileiras compartilham potencialidades, criatividades e talentos periféricos.
Para Eleilson Leite, coordenador geral do Estéticas das Periferias, a abertura do encontro sinaliza o comprometimento do evento com parte de seus eixos curatoriais: cultura negra, direito à cidade, produção cultural das mulheres e direitos humanos. “Negra vozes são três cantoras negras, dirigidas pela Naloana, outra mulher negra. Resistência é a palavra de ordem, queremos ressaltar com isso a luta das ocupações culturais no centro e nas periferias, mas também a luta das mulheres, especialmente das mulheres negras.”
Espetáculo Negras Vozes em Travessia
Naloana Lima, integrante do Grupo Clariô de Teatro e do grupo musical Clarianas, com formação acadêmica de diretora e atriz.
Juçara Marçal, admirada pelo público e premiada pela crítica, tem uma carreira marcada pelos trabalhos com o Vésper Vocal, A Barca e Metá Metá, sendo uma das principais e mais potentes vozes negras da atualidade.
Nega Duda é referência do samba de roda baiano na capital paulista. Há dez anos está a frente do coro de cantoras bloco afro Ilu Obá de Min, é criadora do Samba de Roda Nega Duda.
Dani Nega flerta com o Rap, R&B, MPB, Teatro e com a poética do Spoken Word, indo do clássico a modernidade.
Luz Ribeiro: Integrante do Poetas Ambulantes, Slam das Minas – SP e Legítima Defesa, a poeta, também é atriz e perfomance, tem como lema a frase: “poeta bruta, pra não embrutecer, mais”. Tem diversas prêmios de competição de slam!
Mel Duarte: Poeta, slammer e produtora cultural, atua com literatura independente desde 2006. Faz parte do coletivo “Poetas Ambulantes” e é uma das organizadoras da batalha de poesias voltada para o gênero feminino “Slam das Minas- SP”
Vic Sales: Arte-educadora, poeta e slammer, ministra oficinas de slam e poesia, compete em batalhas, fez parte do Coletivo DasPre e lançou no ano de 2017 o livro “Um Jazz pra Duas” e o zine Das Águas; tem partipação com o poema “Amor de Ori” na música inédita “Goteira” da cantora e compositora Luedi Luna.
Ficha Técnica: Espetáculo Negras Vozes em Travessia
Cantoras: Juçara, Marçal, Nega Duda e Dani Nega
Poetas: Luz Ribeiro, Mel Duarte e Vic Sales
Cenário: Carolina Teixeira
Iluminação: Alexandre Souza
Direção: Naloana Lima
#ManifestoEstéticasDasPeriferias
O Estéticas das Periferias chega a sua oitava edição, cuja trajetória impõe uma única palavra: reinvenção. O manifesto atesta que “experimentamos, inovamos no jeito de contar antigas e boas histórias, inventamos a nossa própria linguagem, que de diferentes maneiras e formatos buscou o reconhecimento artístico da produção cultural das bordas da metrópole”.
Para tanto, os grupos curatoriais assumiram o compromisso de ressignificar não apenas o conteúdo, trazendo uma nova e especial programação, mas também se aventurando por outras plataformas.
Nesse sentido, a experiência mobile, chega junto com o site, somado aos outros nossos canais nas principais redes sociais, possibilitando ao público estar em constante contato com a cultura que vem das vielas da metrópole paulistana. Nesta edição, o encontro reparte as suas mais de 100 atrações em seus 21 territórios.
“Seguimos nos reinventando e reexistindo e por isso escolhemos, nesta edição, homenagear as mulheres negras, com elas aprendemos a lutar, aprendemos que a singularidade da nossa resistência está no dia a dia. Abram alas para mais um Estéticas das Periferias!”
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